quinta-feira, 6 de março de 2008


Meio do dia

Acordar. Um martírio inevitável, então você adia. Acordar. O sofá não colaborou para o sono, nada colaboraria. Flash da noite passada acerta o lobo frontal logo que você olha para a luz filtrada pela cortina. Muita bebida, muita gente, muita informação. E ela tá ali, dormindo no chão. É um bebê crescido.

Marcha até o banheiro. O espelho é uma máscara de cansaço, satisfação e sakê. Escova escova, cospe, bochecha, mija e senta na tampa da privada. "Quando isso vai acabar?" Vai saber, ou você acaba antes. Foda-se, trabalho te espera.

Trocar de roupa é semelhante a mergulhar numa piscina de lixas. Cada fibra arranha e cansa a pele. O gato vem e olha: "coisa inútil, esse trabalhar" e deita. Amém, irmão. "Numa escala universal das coisas, se você pegar o tamanho de todo espaço e dividir pela população existente nele vai chegar a zero. Ninguém existe de fato". Pegar ônibus, sim, ônibus.

Pessoa, pessoa, carro, pessoa, carro, calçada, carro, rua, carro, moto, carro, só mais um carro, calçada, pessoa, pessoa, pessoa, óculos, tênis, mochila, pessoa, pessoa...

Segundos arrastados depois. Ônibus, "acordei atrasado, o que vier agora, é lucro". Sentar do lado de desconhecido, pessoa, desagradável. Livro, nenhuma palavra prende muito, a tinta ta fraca, o livro ta acabando.

Paisagem ensolarada, toda amarelada. O ônibus desce. Mais gente, desconhecido é trocado por desconhecido, página virada. "O segredo de voar é pular de encontro ao chão e errá-lo". Quantos sakês foram ontem? 6? 100? Cerveja, cerveja, coca para aliviar, "aliviar o quê?", muita informação mesmo. Todo mundo fala junto, assuntos disparates, "...dá até vontade de conhecer a Morte". Vai entender, porque eu não vou, nem pretendo.

Descer do ônibus, esbarrar com mais desconhecidos, oferecer passagem a alguém que não pediu por nada, nada de você. Suco, coisas naturais para um corpo definhando. Suco e um cigarro porque ninguém é de ferro, não nessa realidade que eu conheço ou desconheço. Vai entender, porque as pessoas de ferro não entendem.

Cara, crachá, cara, crachá, cara, crachá, catraca. Degrau, degrau, degrau, tudo empilhado, estranho, ta tudo estranho hoje. Ar-condicionado.

"Pergunta pro guarda se ele não quer também", ele não queria, mas nós sim. Sakê, quantos foram mesmo? Eu sabia disso, sabia de várias coisas, a maioria delas eu entornei, bebi, gorgolejei e engoli, sou uma pessoa muito sabida. Entenda, não disse sadia.

Um monte de tecla, alfabeto, números e funções quadráticas de quinta potência. "Bom-dia" é uma questão de educação e cálculo de tentar passar despercebido e ser completamente notado, "bom-dia" é um pedido de desculpa por ter acordado. E olha que não é nem meio-dia-meio. Vai entender, porque ninguém nunca entendeu.

Atualização:

Apareceu uma mancha na minha mesa e não sei da onde veio. Eu não sei de onde muitas coisas vieram e isso tem acontecido com freqüência.

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postado por caio teixeira às 10:49 AM |

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