sexta-feira, 31 de agosto de 2007


A diversão do MSN

Sexta-feira, 8h40:

jarbas diz:
Heil !
Caio, O Teixeira diz:
Heil 1
jarbas diz:
2
Caio, O Teixeira diz:
bingo!


jarbas diz:
Truco, Ladrão !

Caio, O Teixeira diz:
Se fodeu! Straight Flash!
jarbas diz:
Bateu ?
Caio, O Teixeira diz:
Foi sem querer, passa o morto.
jarbas diz:
hahahahhaahhahahahahahahahaha !!! Tá ficando esperto, hein rapá ???!!!
Caio, O Teixeira diz:
Hhahahaha! É sexta-feira!


jarbas diz:
Dia de Assombração sair da cova.
jarbas diz:
Se bem que à noite, vou enterrar o defunto !
Caio, O Teixeira diz:
Beleza! Se cortar certo leva 100 pontos limpos, heim!


jarbas diz:
Vc vai falar que é piada:
jarbas diz:
Um amigo meu terminou com a namorada. Ele falou que ela ficava irritada de ele tirar espinha da bunda dela, depois de treparem.
Caio, O Teixeira diz:
hahahahahhahahahhahahahhahahahhahahhahahahhahahahhahahaha!!!
jarbas diz:
Puta, Mew ! Surreal Total !
Caio, O Teixeira diz:
Extremamente!!
jarbas diz:
Coisa de Woody Allen. Dá prá fazer comédia com isso !!
Caio, O Teixeira diz:
Orra!! Comédia?! Dá para fazer uma Ode com isso!
jarbas diz:
hahahahahahahahahahahahaha !!


jarbas diz:
Fique à vontade.
jarbas diz:
Pode acrescentar que ele falou prá ela que ela tinha muito cravo e espinha porque não depilava a bunda.
jarbas diz:
E como ela tava gorda, os pêlos encravavam.
jarbas diz:
O tema do Ode pode ser: Como destruir um relaciomento, sem chance de volta
Caio, O Teixeira diz:
Hahhahahahahaa! Mano, que sensacional!


jarbas diz:
Machucava a bunda dela, e ainda chamou de gorda. Mew, melhor que isso prá acabar com um namoro, só limpar o pau na cortina depois que comer o cú dela !!
Caio, O Teixeira diz:
Hahahhahahahahhahahahaha!!


E depois falam que internet é coisa do demo...

[last.fm: lauryn hill - the conquering lion (acoustic)]

postado por caio teixeira às 9:03 AM |

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quinta-feira, 30 de agosto de 2007


Él captan

Eles nunca trabalharam juntos. Mas isso não os impediu de se conhecerem na mesma loja. Eles não estudavam a mesma coisa, na realidade, um estudava o oposto da matéria do outro. Um acreditava na raça humana, o outro nem tanto. Um acreditava na mudança através da revolução, o outro preferia algo mais introspectivo. E um dia eles foram beber juntos.

Beberam e fumaram e conversaram. Descobriram um noutro que existe a possibilidade de um outro olhar sobre a vida. Um viu noutro um líder, o outro viu um mentor. Um gostava de se vestir de todos os estilos, o outro não tinha estilo. As idéias dos dois nunca batiam, muito menos se completavam, eram apenas pensamentos aleatórios de dois moleques bêbados. Um dia eles foram beber numa rua famosa.

Um deles quase morreu atropelado, o outro riu. Encontraram outros na rua famosa e decidiram ir para as montanhas. Lá fumaram e beberam e sentaram na varanda com outros. Um dormiu, o outro dormiu com a prima do primeiro. De manhã eles desceram das montanhas escutando um cantor morto. Ao chegar na cidade nenhum dos dois quis ir para sua respectiva casa. Eles foram continuar bebendo.

Conversaram mais, jogaram e perderam dinheiro. Beberam mais e fumaram mais. Durante a conversa que cada um exteriorizou que o primeiro achava o segundo seu mentor e o segundo achava o primeiro um líder. O segundo sabia que o primeiro tinha um futuro brilhante se soubesse aproveitá-lo. Ele teria de matar pessoas. O primeiro chorou a entender a verdade, o segundo não chorou, ele nunca chorava. O primeiro se convenceu de que o seu lugar não era mais aqui.

Um dia eles foram beber. O primeiro chamou todos que conhecia. O segundo estava doente e levou a namorada e a prima. O primeiro jogou bilhar a noite toda, o segundo passou mal a madrugada toda. O segundo cansou de passar mal e decidiu ir embora. Na despedida, o primeiro chorou e o segundo não, ele nunca chorava. Sem saber, sem ter certeza de muita coisa, aquela seria a última cerveja que tomaram juntos durante um longo tempo.

O segundo nunca chorava e o primeiro sempre chorava. O primeiro era um apaixonado. O segundo nunca chorava, mas na despedida ele foi embora com o rosto molhado de lágrimas. Eram lágrimas do primeiro que eram suas.

E eles nunca trabalharam juntos, nunca estudaram juntos...




Hasta...

[last.fm: sex pistols - anarchy in the uk (pq o last também me entende de vez em quando)]

postado por caio teixeira às 9:19 AM |

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quarta-feira, 29 de agosto de 2007


Virando a página



E nas próximas linhas teremos... Qualquer coisa, menos coisas já escritas.

[last.fm: cartola - samba do morro]

postado por caio teixeira às 4:01 PM |

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segunda-feira, 27 de agosto de 2007


. (ponto, babacão)

Normalmente eu não uso isso daqui como diário. Sempre disse que acho uma babaquice expor toda a sua vida como um circo. Deixo aqui minhas histórias, quem quiser ler, não se faça de rogado. No final é para um Caio mais à frente que elas, as histórias são endereçadas. Viadagem, sim, mas nada mais perto da verdade.

Bom, como eu disse: geralmente não uso como diário. Porém este post é uma exceção, assim como várias outras que existiram anos atrás.
...
...
...
A real é que não importa (grande winamp! Sempre me entende) quantas vezes eu tente, no final nunca me expresso como gostaria. Nunca consigo ser tão sincero comigo mesmo quanto nas minhas histórias. Se você for um psicólogo, ou acha que me conhece e começar a ler as histórias atrás de fragmentos do que quero dizer realmente, pode tirar o jumento da chuva, não rola. Eu já tentei e num dá.

Esses textos não são meus, calma calma, não estou psicografando, é que eu realmente não consigo lê-los depois e falar, "Lê aí! Fui eu quem escreveu!". Descartando a divagação, afinal, eu não prometi uma análise filológica póstuma de meu "trabalho". (Já percebeu como qualquer pseudo-autor de quinta categoria chama os rabiscos que faz de "trabalho"?)

O que tem rolado é algo que não consigo expressar, e talvez eu tenha descoberto hoje. É uma angustia, um desprendimento forçado por mim mesmo, algo que fiz sob minha própria pressão e que agora eu começo a entender a extensão disso. O que eu fiz? Vixe, se eu começar a recitar toda a minha ode de decisões (três "dês" seguidos, isso é quina!) elas irão remontar quem eu sou. Vamos ser sinceros, nem eu e nem você estamos afim de um "The E! True Hollywood Story: Caio, O Teixeira".

O fato não é - como muitos supostos libertários e conscientes de seus próprios lugares no esquema intergaláctico das coisas adoram dizer - me arrepender ou não do que fiz. Foda-se isso. A questão é o simples parar de correr e olhar para a trilha aberta, quer dizer, seguida, hoje em dia não se tem mais muita mata para ser desbravada nessa vida depenada. Devo isso à minha fulminante dor-de-garganta: obrigado. E a amaldiçôo cinco vezes, coisa demoníaca!

Ontem, bebendo água e sentindo, novamente, a dor de mil adagas na goela, pensei algo que talvez seja relevante a você mesmo, Caio. Não somos moldados, ou devemos nosso caráter, às pessoas que estão à nossa volta, nossos amigos e "de passagem" que tripulam nossa vida. Na realidade eles têm pouco significado numa população mundial que bate os bilhões. No final, devemos tudo o que somos a quem nós não conhecemos, a quem nunca vimos o rosto, que não trocamos um "olá" ou um "se quiser seguro sua bolsa". Devemos menos ainda aos instaladores de tevê-a-cabo, tocadores de reggae na esquina da sua casa e vizinhos desconhecidos. A vida é feita de desencontros, e isso não é triste de maneira alguma. Se você, Caio, achar que escreveu isso porque estava triste, está certo, mas tenha certeza de que esta conclusão filosófica é da mais alta qualificação epifânica, ou seja, você não faz idéia donde essa porra saiu, e está feliz por ter saído, entendeu?


Grato pela atenção. Continuamos, agora, com nossa programação normal.



[winamp: rolling stones - you can't always get what you want (alguém, peloamor, presta atenção na porra dessa letra porque é algo extremamente sem-noção! e eu adoro!)]

postado por caio teixeira às 10:37 PM |

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sábado, 25 de agosto de 2007


Conversas paralelas

Tchutchuca: eu não tenho mais a blusa do bikini kill pra ganhar desconto u.U (no fanzine).
Tigrão: hmpf... quem manda ficar se entregando a minininhas?!
Tchutchuca: elas.




[winamp: frou frou - shh]

postado por caio teixeira às 10:34 AM |

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quinta-feira, 23 de agosto de 2007


Toelho!



- Mamãe! Mamãe! Pega o biscoito lá em cima da prateleira? Por favor!
- Ah, pega você filho! Mamãe tá ocupada!
- Mas... Mamãe! Eu não tenho bracinhos!
- Filhos... Sem bracinho, sem biscoito.

[blogmusik: alguma coisa do slayer]

postado por caio teixeira às 1:17 PM |

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quarta-feira, 22 de agosto de 2007


Dejá vu


Mamãe já fez isso. Mas o monstro, no caso, era um mendigo e ele morava no tronco de árvore oco em frente de casa... Não deu certo.
[media player: project 86 - pipe dream]

postado por caio teixeira às 9:25 AM |

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terça-feira, 21 de agosto de 2007


Cavadores (5 de 5)



- Rodriguez berrava no telefone. Xingava meio mundo e gritava mais. Ele começou a falar que eles, os Charlies, tinham voltado. Que eles estavam cavando embaixo de sua casa... É, eu ri também quando ele me falou isso. Ele berrava que eles tinham nos farejado. Ele falava que escutava os vietnamitas chafurdando a lama embaixo da casa dele. Eu ri, mas não estou rindo mais.
- Há dois dias Rodriguez desapareceu. Sumiu. O guarda com quem eu falei disse que não viu nada parecido. Ninguém foi visto entrando na casa de Rodriguez. Tudo o que encontraram foi um imenso buraco no porão da casa dele. E agora comecei a escutar os mesmos barulhos, gemidos e fungadas, embaixo do meu chão.
- ...
- Sei o que está pensando e repito: eu não pirei. Pouco importa o que vai escrever na minha ficha. Sei que essas coisas virão atrás de mim. E quando elas chegarem, estarei preparado... Até mais, doutor.

"O paciente foi examinado como solicitado. E concordo com o exame anterior, feito pelo interno do hospital de veteranos. Mesmo sem histórico de doenças mentais, o paciente demonstra todos os sintomas de batofobia (medo de locais subterrâneos) e que dispararam uma seqüência de esquizofrenias, culminando em uma série de ilusões paranóicas, que faz com que o paciente tenha certeza de estar sendo perseguido por criaturas canibais que vivem em túneis.

É óbvio que tudo isso foi reavivado pelo recente contato com o amigo e o seu desaparecimento posterior. Chamo a atenção para as medidas extremas que o paciente pode tomar para 'se defender'. Alta possibilidade de suicídio. (Nota: foram checados os registros militares, mas nenhuma prova que sustente o incidente canibal em Cu Chi foi encontrada).

Recomendo aconselhamento e acompanhamento do paciente.

Infelizmente chego à mesma conclusão de meu colega do hospital. Apenas mais um maldito veterano maluco.

Ass. Doutor Lloyd Fratelli"

...
...
...

"E você assiste hoje, na NBC News Today. Revista brasileira aponta que desastre aéreo que deixou mais de 180 mortos pode ter sido causado por falha humana. Frio no Kansas bate recorde. Irã volta afirmar que manipula energia nuclear apenas para fins pacíficos. A seleção americana de Pólo Aquático vence e garante medalha de ouro nos jogos Pan-Americanos. Soldado veterano desaparece sem deixar vestígios. Policias afirmam que um grande buraco, que parece ser um túnel, foi encontrado no porão da casa do soldado. Presidente Bush afirma que pretende tirar tropas do Iraque, mas fará isso com muita cautela. Ataque de homem-bomba em mesquita de Bagdá deixa 24 mortos e 40 feridos. Tudo isso e muito mais após o intervalo, na NBC News Today".




[winamp: the dresden dolls - gravity]

postado por caio teixeira às 1:04 AM |

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segunda-feira, 20 de agosto de 2007


Cházinho


E eu também ofereço chá de pau-barbado... Uma pechincha!


[blogmusik: velhas virgens - siririca baby]

postado por caio teixeira às 1:20 PM |

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domingo, 19 de agosto de 2007


Cavadores (parte 4 de 5)


Começou com um burburinho. Foi aumentando para uma conversa estranha, com algumas risadas e gritos no meio. Acabou numa convulsão de corpos magros. Eles saiam todos juntos de um buraco mais abaixo da gente. Corriam, rastejavam, berravam, todos meio abobados com a luz da lanterna de Stu e atraídos por ela. Eles deviam estar semanas sem ver a luz do sol. Estavam todos pálidos e esquálidos, os olhos arregalados e a boca babava. De relance vi a marca de dentadas em alguns cadáveres que estavam perto de mim e entendi. Deus do céu! Eles estavam se comendo lá embaixo, doutor! Sem comida eles comiam os seus cadáveres, aquela podridão toda! E nós ali, vivos! Nós éramos um gigantesco banquete de Ação de Graças!


Sabe aquela coisa de “não deixa ninguém para trás”? Mentira. Eu e Rodriguez levantamos e corremos como pudemos. Atiramos, gritamos e nos rastejamos. Eles vinham atrás. Cheguei a ver os olhos injetados de Stu antes dele ser engolfado por um emaranhado de mãos pálidas e com unhas grotescas. Rastejamos, não paramos um segundo para falar ou olhar para trás. Eles arrancaram as minhas botas. Eu só colocava a metralhadora para trás e puxava o gatilho. Sorte do Rodriguez estar na minha frente.

Demoramos horas para chegar na câmara. A volta pareceu durar meses. Não víamos nada, só escutávamos eles berrando e rastejando atrás. Quebrei meu dedo indicador enquanto fugia, só fui sentir quando fui mijar, horas mais tarde, fora do túnel. Rodriguez, como um bom latino, xingava tudo e todos em um castelhano arrastado. “Vá te a merda, cabrón! Hijo de un perro! Puta madre! Andale, carajo!”

Saímos. Por sorte era manhã, os putos não conseguiram nos acompanhar à luz do sol. Matamos a maioria ali mesmo, na boca do Inferno. Chamamos a artilharia. Demos as coordenadas e passamos tudo o que sabíamos para o alto comando. Foi a deixa que precisavam. Liberou geral! Agente Laranja, Napalm, Canhões Sobet, artilharia, tudo. Não era mais uma guerra, era extermínio.

Quando o exército acabou Cu Chi parecia a superfície lunar. Era tudo uma vasta estepe sem vida. Nada que respirasse estava vivo. Voltamos mais bem armados. Uma parte dos túneis havia desmoronado. Entramos, matamos mais alguns. Sim, eles estavam vivos. Eles sobreviveram, sobreviveram escutando o mundo caindo sobre as suas cabeças.

Uma semana depois nos deram baixa honrosa. Não sei do que. Voltamos para casa e seguimos nossas vidas. Bem, eu segui. Segui até Rodriguez ligar e falar aquelas duas palavrinhas. “Cu Chi”.


[winamp: autopilot off - raise your rifle]

postado por caio teixeira às 12:14 AM |

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sexta-feira, 17 de agosto de 2007


Ahh o consumismo...


George Foreman Grill!!
George Foreman Grill!!
George Foreman Grill!!
... JUMBO!!!!!

[blogmusik: kings of leon - red morning light]

postado por caio teixeira às 8:54 AM |

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quarta-feira, 15 de agosto de 2007


Cavadores (parte 3 de 5)


Olha, como eu falei antes, aqueles putos estavam cavando há muito tempo. Anos, com certeza. Enquanto eu rastejava naquela escuridão, o fedor de merda e da porra da pasta de peixe que eles passam em todo o lugar me impregnava. Você consegue entender o horror que tínhamos de sermos emboscados? Eles, os Charlies conheciam tudo aquilo, nós não. Tínhamos pavor de cair em uma armadilha de granadas ou qualquer merda do tipo, já viu o estrago que uma cama de baionetas faz?

Anos e anos cavando. E não era só isso, só a extensão, eles faziam tudo lá dentro. Eles enterravam seus mortos lá dentro, para foder com a nossa preciosa contagem de corpos, entende? Para saber quantos tínhamos matado e quantos ainda faltavam para matar precisávamos de corpos. Eles os escondiam então nos perdíamos, matávamos a torto e a direito e sempre perdíamos os corpos. Eles os enterravam lá, dentro dos buracos com eles e continuavam lá, andando sobre os mortos, rastejando, dormindo com eles. Caralho! Eles estavam se reproduzindo lá embaixo, sabe? Porque eles levaram mulheres para os buracos, eram malditos vermes sob os nossos pés! Nasciam cavando. Sempre para baixo. Eles trepavam embaixo da terra e nos fodiam lá em cima! Incrível! Aquele pessoal queria sobreviver. Iria sobreviver.

Quando vimos aqueles túneis deveríamos ter ido embora. Digo, todo mundo, todo o exército. Levantar as barracas. Fugir daquele inferno cheio de buracos. Não tinha como vencer os cuzões. Sabe, o famoso e belo “adiós, amigos!”? Mas não, queríamos vencer.

Depois de matar alguns Charlies naquela escuridão chegamos a uma câmara maior, que dava para ficar agachado. Stu ascendeu a lanterna e vimos os corpos, os mortos. Eles estavam todos emparedados. Cheios de lombrigas, pareciam estar ali há séculos. Decidimos descansar um pouco, estávamos há horas rastejando naqueles buracos. Sentados lá senti um pouco do que era ficar naquele lugar, horas, dias, meses. Eles viviam lá, não saiam mais na superfície deviam ter decidido: “que os americanos fiquem com a nossa terra, nós vamos ter os corações deles”. E lá ficaram, e lá cavaram. Porém, uma coisa eu ainda não entendia: comida. Sem luz, sem plantas, sem animais. Nós dominávamos a maior parte do território vietnamita, os veríamos saindo das tocas para buscar mantimentos. Nunca vimos nada do tipo. Minutos depois eu entendi...

[winamp: jamie cullum - photograph]

postado por caio teixeira às 8:49 PM |

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terça-feira, 14 de agosto de 2007


FioFó (fundo)

Para quem não conhece...
Para quem não aprova...
Para quem não vive sem...

Lhes ofereço FioFó (fundo)!!!!






[blogmusik: regina spektor - us]

postado por caio teixeira às 8:20 AM |

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segunda-feira, 13 de agosto de 2007


Cavadores (parte 2 de 5)


Depois de Patty foi tudo mais rápido. Caminhávamos em direção ao centro de Cu Chi, parecia que estávamos indo para o centro de um vespeiro. Eles surgiam de todos os lados, de noite não dava para dormir, você escutava eles conversando, eles nos farejavam, sabe? Ronny e Júnior foram os próximos. Os mataram enquanto tentávamos dormir. Esses ninguém viu. Aposto que os dois ainda não perceberam que estão mortos. Acordei com Lee gritando. Ronny tinha sido degolado e Júnior foi estripado. Lee gritava sem parar, tive de faze-lo parar. O acertei um murro bem no meio do nariz, o coitado usava óculos. Parti a lente do olho direito dele e um caco de vidro furou o olho dele. Deve ter doído pra cacete, mas eu odeio gente gritando. Depois disso chamávamos Lee de “Barba-Ruiva, o Pirata”. Pelo menos ele ria.

Estávamos há uma semana em Cu Chi e não encontramos nenhum vestígio do nosso exército. Eu já estava ficando preocupado, os mantimentos acabavam. Os nossos pés estavam piorando, eu já estava dando nome aos vermes que rastejavam na minha sola. Lee estava piorando, o olho infeccionado e a pressão dos Charlies estavam deixando ele “nervoso”. Bobby foi o quarto a ser atingido pelos pequenos diabinhos. Mas a morte dele não foi em vão. Vimos de onde o maldito Charlie saiu, aliás, ele brotou do chão. Antes de Bobby cair com o maior terceiro olho que já vi eu entendi como eles faziam para aparecer e sumir tão rápido. Lee atingiu o assassino de Bobby, mas isso não fez bem ao estado do pequeno Pirata. Ele surtou.

Sabe, durante nossa estadia no Vietnã fizemos muitas coisas das quais não nos orgulhamos muito. Para você não tem problema contar, afinal, os milicos que te indicaram. Matamos, muitos, matamos famílias. Estupramos mulheres, crianças. Mas não era nada como mostram nos filmes, surubas homéricas regadas a chuva de lama e cheiro de pólvora. Ninguém resistia, as mulheres nos viam e já tiravam a roupa, a filhinhas já chegavam querendo tirar o seu cinto. Aquele povo queria sobreviver, não importava como. As mulheres trepavam pela vida, os homens cavavam. E como cavavam. Entendemos isso em Cu Chi.

Depois que Bobby e seu assassino caíram eu vi o buraco, aliás, dois buracos. Um no chão e outro que Lee fez no céu da boca. Eu nem vi direito quando ele puxou sua 9 milímetros e colocou o cano dentro da própria boca. O outro buraco, o túnel, que os desgraçados usavam para aparecer e desaparecer. É como um ponto azul em meio a um mundaréu de pontos amarelos, é difícil de achar, mas depois que você o vê não tem como não enxergar outros. A cada dez, cinco metros, apareciam outras entradas. Os filhos de uma cadela cavaram em todo o canto! Caralho! Todo o país era um emaranhado de túneis! Túneis que levavam para lagos, túneis que levavam para cidades, túneis que levavam para outros túneis! Eles não pararam de cavar um só segundo durante a guerra, ou até antes dela!


Tomei a decisão de entrar, queria saber, queria ver onde os cornos estavam se escondendo, sabe? Eu estava de saco cheio de toda aquela merda! Queria voltar para casa. Queria comprar meu Cadilac Rabo de Peixe Verde-Água. Inferno! Queria trepar com uma boa americana! Entrei e levei o que restava do meu batalhão comigo: Rodriguez e Stu.


[winamp: sérgio leone - il buono, il brutto, il cattivo]

postado por caio teixeira às 1:50 AM |

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domingo, 12 de agosto de 2007


Blues

Qual a subjetividade? Por que a cada batida aparece um símbolo na tela que eu reconheço? Não é algo interessante? Assustador?

Uma sucessão de momentos que atingem você de uma maneira explicável. Engraçado Omo eu não consigo olhar para que eu estou escrevendo... É como se uma parte minha precise exteriorizar isso e outra parte prefere que isso seja apenas sentido.

Clinicamente eu estou vivo. Será?

No final é tudo falta de álcool ou excesso de consciência mesmo...
Visitamos a escuridão, o infinito, a cada piscada. Como outro já dizia, “às vezes o abismo olha de volta para você”.

[winamp: the seatbelts - the real folk blues]

postado por caio teixeira às 11:57 PM |

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Cavadores (parte 1 de 5)


- Doutor, tenho certeza que não importa muito o que eu te falar, sei que você vai anotar no final da minha ficha “transtorno-sei-lá-o-que”. Bom, como não dá para evitar o que você vai escrever, então vou contar a verdade.
- Por favor... Entenda que estou aqui só para ajudar.
- Sei... Tanto faz. O que importa é que eu fiz o que tinha de ser feito. Não sou um babaca que ainda acha que uma biribinha é um tiro de canhoneira. Não mato pessoas achando que estou em uma missão em Laos, muito menos tenho pesadelos. Sempre dormi como uma pedra.
- Continue..
- Claro que vou continuar, estou aqui para falar, certo? Bom, matei muitos, incontáveis Charlies no Vietnã. Tiros na cabeça, baioneta na virilha, granada de mão dentro das trincheiras, cheguei até a tacar fogo numa barraca enquanto os safados dormiam. Entenda, nos mandaram para lá para fazer isso. Matar.
- Hm...
- Sem interjeições de merda, por favor, doutor. Como eu disse, nunca tive um pesadelo, nunca... Mas, então, há duas semanas Rodriguez me ligou. No início não me lembrei, e ele tagarelava sem parar: “eles estão vindo! Sinto o chão tremer! Eles vão nos pegar, entende? Jesustodoamado, eles vão chupar a carne de nossos ossos!”, a voz esganiçada estava me irritando eu ia desligar o telefone, mas...
- ...
- ...
- Continue, Tony, por favor.
- Oi? Sim, sim! Claro, é que eu pensei ter escutado algo... Deixa pra lá. Enfim, eu ia desligar o telefone, quando duas palavras fizeram com que meu estômago revirasse e que todos esses anos de sono tranqüilo fossem jogados na boca de cães sarnentos: “Cu Chi”.

Era o verão de 1967, eu e meu esquadrão estávamos no distrito de Cu Chi, terreno infestado de vietnamitas de merda. Éramos oito, todos bons homens, matávamos bem, por isso nos mandaram para Cu Chi, poucos batalhões voltavam de lá.

Caminhar no Vietnã durante o verão quer dizer chuva, muita chuva. Mosquitos do tamanho de pardais. Os filhas da puta até riam enquanto chupavam o seu sangue. A bota ficava encharcada o tempo todo, chamávamos a frieira de “erosões”, era isso, canyons se formavam entre seus dedos, você realmente podia ver os vermes rastejando entre a sua carne e comendo você vivo. Que Diabos! Isso não era maneira de morrer, sendo comendo vivo, entende?

Era sempre assim, avistávamos uma moita se mexendo, atirávamos e ela parava, ao caminhar até ela víamos sangue, mas corpo que é bom, nunca. Eles surgiam do nada, atiravam e sumiam. Rápidos, porém vesgos que só eles. Não acertavam um tiro sequer. Nós não errávamos, caçamos bem naqueles pântanos. Mas como diz o ditado, “água mole...”

Patrick, o canhoneiro, foi o primeiro a ir. Um dos Charlies surgiu atrás dele e atirou no joelho de Patty, um pedaço do osso dele bateu no meu rosto. Patty caiu chorando e meio desmaiado por causa da dor, ficamos sem reação, foi muito rápido. O maldito amarelo atirou duas vezes, à queima roupa, um em cada olho. Eles acreditam que isso faz com que você não vá pro céu. Foda-se. Eu mesmo matei esse, mas foi devagar. Minha Desert Eagle fez um rombo no ombro do Charlie, ele caiu olhando para mim. Passei a noite toda brincando com ele. Apresentei minha faca, meus arames, minhas seringas. Até dei sangue do Patty para ele, entende? Uma transfusão para ele durar mais. Não funcionou.


[winamp: seu jorge - samba que nem rita a dora]

postado por caio teixeira às 1:00 AM |

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quinta-feira, 9 de agosto de 2007


Three Pannel Soul

Sou completamente contra posts em outra língua sem ser a nossa - a portuguesa, babaca... -, porque não se pode negar que temos isso de belo.


Mas esse post é inglês, mas vale a pena.


[blogmusik: dredg - bug eyes (acústico)]

postado por caio teixeira às 3:12 PM |

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. Perfil

nome: __ hm.. caio.. eh.. err.. teixeira?
anos: __ [onde foi que eu coloquei a cola?]
sexo: masculino( ) feminino ( ) [eu realmente odeio esses formulários]
endereço: ____ [onde sua irmã perdeu a calcinha! hááá]
complemento: ___ [calma! calma! desculpa, não precisa bater!]

. Testemunhas

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. Agradecimentos

Rê.