domingo, 23 de março de 2008


Um ano


É engraçado como somos ensinados, incitados, a ficarmos tão excitados, exaltados, com o nosso aniversário. Vai, pensa bem. Você não é a única pessoa que nasceu naquele dia, são milhares, bilhares, de pessoas que estavam saindo do corpo (algo parecido com "Alien 3") de outra pessoa sem a menor idéia onde estavam chegando, de onde estavam vindo, para onde iriam, por que chegaram e se teria cerveja no domingo à tarde.

É bem provável que esse egoísmo sentimental de que "o dia é seu" irá continuar durante toda a sua vida, mesmo sem você se perguntar uma vez sequer: "por que, raios, eu comemoro ter vivido, sobrevivido ou supervivido, mais um ano?" Tudo bem, tudo bem, são muitas poucas pessoas que se perguntam isso. E se o fazem, é porque beberam pouco durante a festa.

O interessante é ver, nem sempre, pessoas que não são você ficando mais animadas do que você, por assim dizer, com o seu próprio aniversário. É engraçado, é meio estranho e, definitivamente, super fofo. Pessoas que por escolheram, entre todas as variedades de coisas para pensar ou fazer, escolheram você. Você para prestigiar, para amar, para beber junto e até para odiar um pouquinho mais, não importa.

Se você pensar bem mesmo, vai chegar à conclusão de que, no seu aniversário você é a pessoa mais importante do seu mundo, pelo menos durante algumas horas enquanto a bebida e o dinheiro não acabarem. E isso não é triste, nem extrema felicidade, isso é a vida.

Amanhã é o meu aniversário e eu estou feliz por ser a pessoa mais importante do meu mundo.

[windows media player: chuck berry - riding along in my automobile]

postado por caio teixeira às 6:34 PM |

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quinta-feira, 6 de março de 2008


Meio do dia

Acordar. Um martírio inevitável, então você adia. Acordar. O sofá não colaborou para o sono, nada colaboraria. Flash da noite passada acerta o lobo frontal logo que você olha para a luz filtrada pela cortina. Muita bebida, muita gente, muita informação. E ela tá ali, dormindo no chão. É um bebê crescido.

Marcha até o banheiro. O espelho é uma máscara de cansaço, satisfação e sakê. Escova escova, cospe, bochecha, mija e senta na tampa da privada. "Quando isso vai acabar?" Vai saber, ou você acaba antes. Foda-se, trabalho te espera.

Trocar de roupa é semelhante a mergulhar numa piscina de lixas. Cada fibra arranha e cansa a pele. O gato vem e olha: "coisa inútil, esse trabalhar" e deita. Amém, irmão. "Numa escala universal das coisas, se você pegar o tamanho de todo espaço e dividir pela população existente nele vai chegar a zero. Ninguém existe de fato". Pegar ônibus, sim, ônibus.

Pessoa, pessoa, carro, pessoa, carro, calçada, carro, rua, carro, moto, carro, só mais um carro, calçada, pessoa, pessoa, pessoa, óculos, tênis, mochila, pessoa, pessoa...

Segundos arrastados depois. Ônibus, "acordei atrasado, o que vier agora, é lucro". Sentar do lado de desconhecido, pessoa, desagradável. Livro, nenhuma palavra prende muito, a tinta ta fraca, o livro ta acabando.

Paisagem ensolarada, toda amarelada. O ônibus desce. Mais gente, desconhecido é trocado por desconhecido, página virada. "O segredo de voar é pular de encontro ao chão e errá-lo". Quantos sakês foram ontem? 6? 100? Cerveja, cerveja, coca para aliviar, "aliviar o quê?", muita informação mesmo. Todo mundo fala junto, assuntos disparates, "...dá até vontade de conhecer a Morte". Vai entender, porque eu não vou, nem pretendo.

Descer do ônibus, esbarrar com mais desconhecidos, oferecer passagem a alguém que não pediu por nada, nada de você. Suco, coisas naturais para um corpo definhando. Suco e um cigarro porque ninguém é de ferro, não nessa realidade que eu conheço ou desconheço. Vai entender, porque as pessoas de ferro não entendem.

Cara, crachá, cara, crachá, cara, crachá, catraca. Degrau, degrau, degrau, tudo empilhado, estranho, ta tudo estranho hoje. Ar-condicionado.

"Pergunta pro guarda se ele não quer também", ele não queria, mas nós sim. Sakê, quantos foram mesmo? Eu sabia disso, sabia de várias coisas, a maioria delas eu entornei, bebi, gorgolejei e engoli, sou uma pessoa muito sabida. Entenda, não disse sadia.

Um monte de tecla, alfabeto, números e funções quadráticas de quinta potência. "Bom-dia" é uma questão de educação e cálculo de tentar passar despercebido e ser completamente notado, "bom-dia" é um pedido de desculpa por ter acordado. E olha que não é nem meio-dia-meio. Vai entender, porque ninguém nunca entendeu.

Atualização:

Apareceu uma mancha na minha mesa e não sei da onde veio. Eu não sei de onde muitas coisas vieram e isso tem acontecido com freqüência.

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postado por caio teixeira às 10:49 AM |

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Rê.